
QUEM SOU EU?
O autor e palestrante MARCOS SANT’ANNA conviveu durante 3 anos o dia-a-dia de uma cadeia e de uma prisão. Ali ele viu que o presidiário não é apenas considerado como um mero bandido, ele é tratado quase como um animal. Ele teve experiências que o fez rir e chorar. Rir de nervoso para, talvez, esconder um novo choro. Ele viu gente entrar e sair, entrar para não sair mais nunca, viu gente morrer com esperança e sem esperança e nessa visão, percebeu que todo o sistema prisional brasileiro está falido e funciona à revelia da sociedade e sob a ostensiva e continuada omissão dos governantes. Um jogo de empurra entre os governos.
Percebeu assim que essas instituições nada mais são do que um verdadeiro curso de mestrado da criminalidade gerada muitas vezes pela condição de sobrevivência. Ele viu que a grande maioria vive uma rotina de violência e corrupção a começar pelo espaço físico, pela falta de uma ocupação, de um trabalho e principalmente com a falta de uma vida estudantil; como lhe fez falta a educação, sem qualquer lembrança ao princípio da dignidade da pessoa humana – ou seja – verdadeiras reinvenções do inferno de Dante.
As atuais condições, particularmente a superlotação e as práticas violentas, fazem dos presídios brasileiros instituições que expressam o mal radical. Por conta disso, as cadeias e os presídios são um dos fatores mais operantes da criminogênese; vale dizer: da formação do crime.


Os tipos não tolerados pela ladrãozada como X9 (delatores), cabuetas,Tetéus, ou os “Jacks” (estupradores ou pedófilos), Maria da Penha. Na maioria das rebeliões esses são os escolhidos para serem arremessados do telhado ou envolvidos em colchões onde ateiam fogo. ESTÁ TUDO NAS CARTAS.



As facções nos presídios impactam o bem-estar de outros detentos. Enquanto muitos dependem da ajuda familiar para sobreviver, com criatividade, habilidades e oportunidades certas, outros são capazes de multiplicar dinheiro e até ajudar suas famílias e fazer investimentos além dos muros.



O “SEGURO” local na prisão onde tudo é deixado para trás. “O seguro aceita qualquer pessoa, tem isso no estatuto da ladrãozada: a partir do momento que você entra no seguro, você deixa tudo que você fez pra trás, zera tua vida, não importa. Não pode fazer nada.



Será que na prisão inventaram um crime novo? Será que a barbárie foi reinventada? Não! Os crimes e os pecados continuam os mesmos. Só que chegam por esta via. Não por histórias contadas, mas vividas, experimentadas e sentidas na pele.


